Nesta noite, estreamos um novo quadro do Papo de Boteco, entrevistas com personalidades. O primeiro entrevistado é o polêmico vereador Jonas Alves Araújo Filho, o Joninhas, que fez jus à fama de irreverente e ácido com respostas apimentadas. A entrevista foi realizada pelo blogueiro Diego Ortiz e teve a participação especial, com duas perguntas, do jornalista Valter Abrucez. Ao final da entrevista, Joninhas também teceu notas de 0 a 10 a 10 figuras de destaque nacional e municipal.
Papo de Boteco - Jonas, você surgiu no cenário político eleito pelo PMDB considerado uma liderança jovem de futuro promissor. Para muitos, após ter sido eleito, você percorreu um caminho negativo ao fazer uma oposição sistemática à administração. Como você avalia as considerações anteriores à sua atuação na Câmara e os posicionamentos sobre o resultado de sua ação no legislativo?
Joninhas - Acho que sou um político mais conhecido agora do que antes.
Papo de Boteco - Você acredita que cumpriu o que era esperado pelos eleitores que te colocaram na Câmara ou entende que estes não tinham um pensamento formado sobre o que queriam de Joninhas enquanto vereador?
Joninhas - Acho que a grande maioria dos eleitores não sabe o que quer exatamente ao votar para vereador. Não sabem nem o papel do vereador. Quem me criticou esses anos é porque tem medo de perder a teta.
Papo de Boteco - Qual a importância dos partidos no cenário político mogimiriano? Você é a favor da fidelidade partidária?
Joninhas - Sou contra, os partidos são mais fisiológicos que os políticos. São quase instituições criminosas. O político não correspondeu, o povo tira, o partido faz suas maracutaias e não se pode fazer nada. É igual sindicato, partido e sindicato ninguém fiscaliza. Olha esse Paulinho da Força, é uma vergonha para o país. Veja o Michel Temer, um câncer em Brasília. Família Sarney nem se fala então.
Papo de Boteco - Neste sentido, você seria favorável à redução dos partidos ou à extinção e formulação de um novo formato de candidaturas ou isso seria utópico? Ao mesmo tempo, você acredita que a candidatura vinculada obrigatoriamente a um partido pode gerar obrigatoriamente futuros transtornos e conseqüentes desfiliações?
Joninhas - O eleitor vota na pessoa do candidato, não quer saber do partido. Partido hoje é apenas uma exigência legal, nada mais. Quem fala em fidelidade partidária é hipócrita ou ignorante.
Papo de Boteco - Neste sentido, Joninhas, seria correto afirmar que os políticos, incluindo você, que mudou de partidos algumas vezes, usariam o partido, em função da exigência legal, mesmo sem uma completa identificação com eles? Seria uma relação promíscua, de certa forma?
Joninhas - Se muda de partido por dois motivos: ou depois da eleição o candidato se vende para o governo ou em protesto às ações do partido. O problema é que no Brasil 99% se incluem na 1ª opção.
Papo de Boteco - Jonas, como você avalia a Câmara Municipal a qual participa e como compararia às outras que acompanhou? Dentro do legislativo, enquanto vereador, de alguma forma você mudou seu pensamento sobre o funcionamento deste poder e em quê?
Joninhas - É um poder que caminha para extinção.
Papo de Boteco - O poder legislativo fracassa na sua própria essência ou pelos homens que o integram? Você seria a favor da extinção da Câmara Municipal?
Joninhas - Acredito que deva haver uma forma de representação, mas do jeito que está não justifica a existência de Câmaras Municipais.
Papo de Boteco - Jonas, no período em que você atuou na Câmara, com raras exceções, podem ser vistos grupos votando favorável ou contrariamente aos projetos do prefeito de forma sistemática. Esta é uma tendência natural ou o estilo do prefeito de Mogi Mirim favorece essa prática?
Joninhas - O estilo do prefeito de Mogi Mirim não favorece nada, a não ser a ele mesmo.
Papo de Boteco - Jonas, neste sentido, o vereador João Luís chegou a ser um dos nomes fortes da oposição, com críticas pesadas ao prefeito. Posteriormente, o mesmo vereador se tornou um dos grandes defensores da administração de Carlos Nelson. João Luís, que chegou a compartilhar de seus posicionamentos, te decepcionou?
Joninhas - Ele não deve satisfação a mim, mas ao eleitorado e parece que o eleitorado aprovou suas atitudes, de uma forma ou de outra.
Papo de Boteco - Duas perguntas em uma. Jonas, você conta com um planejamento político ou define posições de acordo com o momento? Você já foi considerado pretenso candidato a deputado e a prefeito. O desenrolar das situações te surpreendeu, afinal, por que nenhuma das duas candidaturas emplacou?
Joninhas - Porque os partidos da cidade não querem lideranças novas, não querem o enfrentamento, o debate. Não sou dono da verdade, posso errar várias vezes, mas não abro mão da participação e do debate. Essas lideranças partidárias são cômicas, pra não dizer uma tragédia.
Papo de Boteco - Você que, de certa forma, já participou da imprensa, como analisa a participação do jornalismo na cobertura da política mogimiriana?
Joninhas - Bem acima da média das cidades do interior. Aqui existem bons veículos e excelentes profissionais.
Papo de Boteco - Durante o período de atuação como vereador, você chegou a ser processado pelo presidente da UME, Carlos Firmino. Como você encarou esse caso?
Joninhas - Com bom humor.
Papo de Boteco - Jonas, no decorrer dos quatro anos, você também esteve do lado contrário ao de amigos, ex-companheiros de partido. É difícil separar a vida política da vida pessoal?
Joninhas - Não, quanto a isto não tive problemas. Acho que é devido a maioria desses amigos saber que estou certo. Eles me conhecem bem e também conhecem Carlos Nelson.
Papo de Boteco - Você sempre foi conhecido pelo seu estilo bem humorado e irreverente em sua vida pessoal. De alguma forma você precisou abrir mão de seus hábitos ao se tornar um homem público? E como você procurou usar a natural irreverência na sua atuação no legislativo?
Joninhas - Tive que usar muito meu bom humor, num meio tão corrompido e diante de uma população tão sofrida, o melhor remédio é a irreverência. Como diz o ditado: "o que não tem remédio, remediado está".
Papo de Boteco - Como é o seu relacionamento pessoal e político com o prefeito Carlos Nelson Bueno? Como você o avalia como homem, político e administrador?
Joninhas - Carlos Nelson é um fenômeno. Não tem carisma, é arrogante, autoritário, não gosta de contato com a população e ainda sim está aí, ganhando eleições. E bem, diga-se de passagem. Administra bem seu patrimônio pessoal e familiar, mas para a sociedade é muito ultrapassado, parece um Maluf Tucano: cimento, terceirizações e marketing. Essa turma do PSDB, se deixar, vende a mãe e terceiriza a mulher. E depois ainda divulga como um grande negócio.
Papo de Boteco - Por que motivo Carlos Nelson conseguiu o apoio incondicional da maioria da Câmara durante o atual cenário legislativo?
Joninhas - Essa pergunta tem que ser feita para os 7 mosqueteiros.
Papo de Boteco - Você acredita que estar ao lado de Carlos Nelson será um ponto positivo ou negativo no futuro das próximas eleições municipais?
Joninhas - Para o bem da humanidade, eu torço para que seja um ponto bem negativo. Mas qualquer análise hoje é mera especulação.
Papo de Boteco - Existe alguma possibilidade de Joninhas participar do mesmo grupo de Carlos Nelson em um cenário futuro? E por quê?
Joninhas - Precisa responder?
Papo de Boteco - O que esperar de Joninhas nos próximos quatro anos?
Joninhas - Muita paz de espírito.
Papo de Boteco - Jonas pretende se afastar do cenário político?
Joninhas - Não tenho a resposta para esta pergunta ainda.
Papo de Boteco - Agora, Joninhas. Antes das Notas. A novidade agora criada no Sem Censura. Sempre um convidado terá o direito a fazer uma pergunta para o entrevistado. E o atual entrevistado, no caso Joninhas, será o convidado da próxima edição. O convidado de hoje, é Valter Abrucez, que pergunta para Joninhas.
VALTER ABRUCEZ - Entre as coisas que você fez, nos quatro anos como vereador, do que se arrepende? E do que se arrepende de não ter feito no mesmo período?
Joninhas - Gostaria de ter feito muita coisa, mas dentro do tempo e das possibilidades acredito que sempre procurei fazer o melhor possível para representar a população. Termino o mandato sem arrependimentos.
Agora vamos às Notas. De 0 a 10. E com as justificativas de Joninhas.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
7 - 70% de aprovação nacional, é razoável
CARLOS FIRMINO
2 - seria zero, mas pela família ganhou dois pontos.
MARILENE MARIOTONNI
8 - ainda existem pessoas que valorizam o legislativo
ALBINO MANTOVANI
6, como provedor. A Santa Casa pode melhorar, pelo menos deveria.
GERSON ROSSI
5,5 - 8 para o vereador combativo, 3 para o cumpridor de tarefas, média 5,5
JOÃO LUÍS
5 - 5 no primeiro ano, 9 no segundo, 1 no terceiro e 5 no quarto, média 5.
CARLOS NELSON
2,5 - é um pouquinho melhor que o Firmino só.
PAULO SILVA
8 - demonstrou até hoje ser um político honesto, isso está mais raro que título da Portuguesa
MARCIA ROTTOLI
9 - uma gladiadora legislativa
BARROS MUNHOZ
5,5 - a maior expressão política da história recente da região, com ressalvas e condenações
Finalizando, agora a nota de JONINHAS por Joninhas.
6 - pode evoluir muito ainda
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
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5 comentários:
Parabéns Diego
É por estas e outras atitudes que admiro cada vez mais seu profissionalismo.
É um prazer poder trabalhar com vc e assim, ter a oportunidade de trocar experiências.
Continue assim parceiro e parabéns pela excelente matéria.
Diego, parabéns pela iniciativa criativa para movimentar o blog, que estava meio parado (mas como eu não tenho o meu próprio, não posso criticá-lo). Parabéns pelas perguntas e pela escolha do entrevistado de estréia, acertou em cheio. Conheço o Jonas há bastante tempo e sabemos lidar com nossas diferenças desde moleques (que ainda, por vezes, tentamos ser). O jovem vereador tem inúmeros defeitos, mas possui raras qualidades em dias chatos e politicamente corretos: franqueza e sinceridade. Espero que não desista da política, ainda que pense nisso vez ou outra. Abraços a todos!
Volta Joninhas...Volta Joninhas!!!
TENHO CERTESA QUE ESSE MOÇO FAZ FALTA PARA SUA CIDADE, COMO UM BOM POLITICO E COMO UM BOM FILHO.
Esse cidadão é político mesmo? Duvido.
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